Wiki Creepypasta Brasil
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Eu sempre tive receio de espelhos. Nunca soube exatamente o motivo, mas não gostava de ter algum espelho virado para mim, principalmente quando dormia. E a lenda de quebrar espelho e ter anos de azar, nossa... Era horrível. Já até enterrei um pedaço de um espelho que quebrei quando li que aquilo podia "resolver".

Apesar de já ter 25 anos na cara, ainda não gosto de dormir com o espelho na minha direção. Meu namorado ri da minha cara quando vamos mudar a disposição dos móveis do quarto e eu reclamo no espelho enorme que temos - pior, ele é meu desde os 16 anos. Já senti vontade de cobrir esse retângulo gigante de vidro reflexivo, e até mesmo de jogar fora e tentar comprar um menor, mas nunca tive coragem porque espelhos são caros.

Porém, estou chegando no meu limite.

Antigamente, quando eu estava no ensino médio, tinha vislumbres do espelho refletindo algo no teto no meu quarto, bem em cima da minha cama. Mas eu ignorava porque era bobagem, coisa da minha cabeça, pareidolia. E digamos que eu era uma daquelas adolescentes que gostavam de coisas bizarras e sobrenaturais, então nada mais compreensível que minha cabeça estivesse projetando algumas coisas, já que eu vivia lendo e pesquisando sobre assuntos assustadores.

Então, um determinado dia - lembro que estava no 2º ano, e no dia seguinte, eu teria prova de química e me recusava a estudar sobre MOL -, ouvi um som esquisito vindo do guarda-roupas. Eram passos e vozes cantarolando, algo assim. Sem pensar muito, fui até o quarto do meu irmão mais velho, achando que ele estava ouvindo as músicas bestas dele em volume alto, só que ele já estava dormindo. Deixei o assunto de lado, e fui dormir também. Alguns dias depois, ouvi de novo o cantarolar. Calmamente, abri meu armário e verifiquei minhas gavetas, mas não tinha nada.

Isso se repetiu durante um tempo, até que me mudei para a casa do meu pai, e no meu quarto não tinha armários, só uma daquelas cômodas grandes com gavetas. E como aquilo parou, na minha mente era só a impressão de ter escutado algo, ou meu irmão sendo otário e brincando comigo.

Quando voltei para minha cidade um ano depois, fui morar sozinha e minha mãe me deu só o espelho do meu guarda-roupas de volta. E tudo começou de novo. Cochichos, músicas cantaroladas, passos, vozes desconhecidas conversando, barulho de folhas e portas abrindo e fechando. Perdi as contas de quantas vezes acordei com o meu celular ou o despertador tocando, e na verdade não ter nada tocando. Mudei de apartamento e bairro duas vezes, todos sendo bem quietos, e aqueles sons esquisitos continuavam.

Mas só na minha casa. Quando ia dormir na casa de alguma amiga do colégio, ou passava a noite em qualquer outro lugar, era tudo silencioso.

Eu só desconfiava que era o espelho - uma vozinha no fundo da minha cabeça me alertava -, então acabava agindo do modo mais normal possível, como se estivesse tudo bem. O pior que me aconteceu na época foi eu passar madrugadas acordada e a vez em que eu apaguei no meio de uma ligação com um amigo da faculdade, e ele me falar que ouviu uma voz cantando.

Durante todo esse tempo, eu aguentei de forma razoável, me mantendo acordada, ignorando os sons ou dormindo com meu laptop ligado em uma playlist de músicas calmas RnB e Lo-Fi. Só que há dois meses atrás, eu ouvi algo incomum, era como se fossem sons de bits de computador, só que de forma que parecia uma melodia. Como se fosse de um jogo tipo antigo - ironicamente, meu namorado estava jogando um jogo pixelado no computador, e as caixinhas de som estavam ligadas. Não parece muita coisa, já que eu poderia ter me confundido, mas tem um detalhe:

Eu estava na bem frente do espelho, limpando-o.

Por alguns segundos, fiquei com uma expressão "Wtf?!", e meu namorado me perguntou o que tinha acontecido. Desviei da questão, fingindo que nada tinha acontecido e o fiz usar os fones, sob a desculpa que estava tarde para ouvir o som alto. Então escutei de novo, a mesma música, só que durou uns 5 segundos.

E um sussurro no final.

Tentei não entrar em pânico e me sentei na cama, pesquisando qualquer idiotice no Google para me distrair, passando a noite acordada vendo vídeos de gatos e memes. No dia seguinte, aconteceu a mesma coisa, só que era a música do Chrono Trigger, o jogo que meu namorado havia acabado de comprar e estava testando a jogabilidade no PC. E no outro dia, uma música de um grupo que eu sou fã. E isso continuou.

As coisas estão ficando estranhas demais, os sons estão cada vez mais altos e soando mais cedo. Antes era somente de madrugada e eram quase ininteligíveis. Agora, até a mãe do meu namorado pergunta se tem alguém no quarto, porque ela escuta uma pessoa falando. Ontem eu estava me vestindo e ouvi: "Joy, me escuta, não faça nada, okay? Lucy e eu estamos aqui por você". Esse foi um trecho de um áudio de uma conversa entre uma amiga minha e eu, por volta de Agosto. Eu que falei isso, eu mandei o áudio. E o espelho repetiu com a minha voz.

E não chegava a ser 10 horas da noite.

Hoje, juro que vi o reflexo da minha cachorrinha que morreu quando eu tinha 15 anos no espelho, passando como se fosse pular na cama, e ouvi a voz da minha mãe me chamando para ir pra a escola, quando já me formei há 8 anos e não moro com ela há 7. E isso era cerca de 8 da noite.

Eu não sei o que está acontecendo, já pesquisei sobre surtos delirantes e alucinações auditivas, estou até pensando em procurar ajuda psicológica porque isso é assustador demais e não sei como reagir. Não contei às minhas amigas, não sei como elas responderiam a isso e não quero que elas se preocupem; também não contei ao meu namorado, pois ele é ateu e cético, e provavelmente me diria para procurar alguma resposta cientificamente plausível.

Não quero pensar que o espelho esteja copiando ou reproduzindo as coisas que acontecem, não quero imaginar que tenha alguma coisa do outro lado, ou se existe um outro lado, não quero ver onde isso tudo vai terminar porque eu tenho medo do que pode acontecer. Então por favor, se algum dia você ouvir um som saindo diretamente do seu espelho, quebre, jogue fora, taque fogo, qualquer coisa. Mas não ouça.

Autor: Akai

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