PRÓLOGO[]
"Sou Marcos da Cunha. Estou em setembro de 2021, estou gravando a minha leitura de um arquivo, escrita á mão por um tal de Lucas de Oliveira. Acredito que seja de grande importância para entender o caso do assassinato de um homem adulto de 21 anos em Curitiba, Paraná, um mês atrás, envolvendo um gato laranja com listras brancas. Acredito que vós seja da polícia, se não for então deve para de ler imediatamente."
PARTE 1: O CLUBE[]
Eu e os outros integrantes do grupo estávamos "caçando", quando vimos um gato laranja listrado perto de uma casa. João, um dos integrantes do grupo mais ativos, pegou a pistola e deu 5 tiros no bichano... um menino saiu da casa, com uma cara de quem viu o capeta na sua frente. Ele chorava, e via seu caro gato morto.
"Foram vocês que fizeram isso?!" Ele perguntou, com uma tristeza que quase me fez chorar.
Depois de alguns segundos, nós admirando como acontecera uma das mortes de gato mais impactantes de nossas vidas, o rapaz raciocinou e juntou as peças.
"Vocês são os CatBusters26 do Facebook! Vocês postam imagens de cadáveres de bichinhos torturados e mortos que podem terem sido o animal de estimação de alguém como se fosse um troféu!" o menino falou, se levantando e fazendo cara de brabo.
"tu é muito viad* mesmo moleque corno" João respondeu ao menino, já mirando no rosto do coitado. "Tarado que está tentando parar a tirada de todos os bichinhos do kapiroto da Terra!"
Após João falar isso, eu vi.... e não pude fazer nada... João deu um tiro no menino, que caiu sangrando no chão. Logo depois, o Juliano, outro integrante, chegou e começou a esfaquear o garoto, e mais um monte de gente mostrou raiva no garoto, e eu queria poder impedir que uma alma tão jovem morresse... o moleque tinha 10 anos, cara. Que barbaridade, eu pensava. Se tinham feito isso numa criança, o que iam fazer em mim, desleal?
Quando parei de ficar repensando o que aconteceria a seguir, o menino, já gravemente ferido, tentou escapar dos Cat Busters, mas parou de correr e caiu no chão, morrendo. Após a autópsia do médico, já no dia seguinte, a causa da morte foi "Perda de sangue extrema, seguida de parada cardíaca fatal.", Após ver aquela cena horrenda, tomei minha decisão, pela minha própria segurança: dei no pé do clube, com uma carta de demissão. Mas a tormenta não acaba aí.PARTE 2: ALGUNS ANOS DEPOIS[]
Eu pude estudar em paz até eu me graduar, já no início da década de 2010. Arranjei um emprego na UFRGS e já era um dos melhores professores da escola (além de paixão, história é minha vocação). Porém, eu nem podia imaginar o que viria a seguir.
Em 2012, 2013, eu estava dando minha aulas para alunos do sexto ano, quando José levantou a mão. Não entendendo, achei que fosse uma solicitação para ir ao banheiro, colocar mais água na garrafa, coisa do tipo. Como eu estava num momento importante da aula, eu disse:
"Por favor José, espera um minuto"
"Não professor Lucas, o que eu quero dizer é que Jennifer, Gabriel e Manuel saíram pela porta á 30 segundos" Respondeu José.
Imediatamente, deduzi que os alunos foram matar aula.
"Que merd@" era a única coisa que eu conseguia pensar daqueles p*tos.
Sai correndo, e como eu esperava, a porta estava aberta. Passei o corredor e tropecei. Quando eu cai, tudo ficou escuro. Escuro e frio.
Quando acordei, eu estava num colchão surrado e que parecia Stalingrado em plena batalha. Sangue, sujeira, munição, coisas impossíveis de identificar... Inverossímil e indescritível. Vi de canto alguma coisa com cabelo ruivo, muito parecido com o de Gabriel. Imediatamente me levantei e sai a correr, e minhas pernas doeram muito, mas eu não me importava com a dor. Parecia... que eu estava em anestesia, de tão pouca dor que realmente eu sentia e percebia.
O ruivo correu atrás de mim, e eu nem consegui ver muita coisa. Só sei de uma coisa: ele corria junto de dois outros. Eles cantavam uma música só:
"Ouviram do fim do mundo ás margens plácidas,
De um povo acovardado o brado iretubante,
E a escuridão da escravidão sem brilho fúlgido,
Brilhou no fim de todas as pátrias nesse instante."